quinta-feira, 7 de maio de 2009

Bem, uma historinha...

Olá, povo!!! Post mensal? Não mais!!!

A partir de hoje, vou postar mais freqüentemente, com traduções de contos de fada irlandeses que estou fazendo... A história de hoje tem a seguinte moral: Danem-se seus pais, seja feliz ;D


Bom proveito!!!



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Connla e a Donzela Fada



Connla, da Cabeça de Fogo, era filho de Conn, o das Cem Batalhas. Um dia, enquanto ele estava ao lado de seu pai na colina de Usna, ele viu uma donzela trajando estranhas vestimentas, vindo até ele.

“Donde vens tu, donzela?”, disse Connla.

“Eu venho das Planícies do Sempre-Viver”, ela disse, “lá, onde não existem nem morte nem pecado. Lá nós estamos sempre em festa e nunca perdemos nossa alegria. E, em todo nosso prazer, não há nenhuma disputa. E, por termos nossas casas nas colinas verdejantes, os homens nos chamam de Povo das Colinas”.

O rei, e todos que estavam com ele, muito se espantaram ao ouvir uma voz sem ver ninguém. À exceção apenas de Connla, ninguém mais viu a Donzela Fada.

“Com quem estás conversando, meu filho?”, disse Conn, o rei.

Então, a donzela respondeu, “Connla fala com uma jovem e bela moça, a qual não é esperada nem pela morte nem pela idade. Eu amo Connla, e agora o chamo para a Planície do Prazer, Moy Mell, onde Boadag é o rei perene, e não houve reclamação alguma de dor naquela terra desde que ele assumiu o trono. Oh, vem comigo, Connla, o de Rubra Cabeleira, vermelha como a aurora, com tua pele morena. Uma coroa de fada te aguarda para agraciar tua bela face e pose real. Vem, e tua beleza nunca se esvanecerá, nem tua juventude, até o dia último e terrível do julgamento”.

O rei, amedrontado com o que a donzela disse, já que, apesar de não vê-la, ele a ouvia, chamou seu Druida, chamado Coran.

“Oh, Coran, dos mil feitiços”, ele disse, “e de espertas mágicas, eu clamo por tua ajuda. Uma carga desceu sobre mim, maior que todas as minhas habilidades e inteligência, maior que qualquer uma que já me tenha sobrevindo desde que dominei o reino. Uma donzela invisível nos encontrou e, por seu poder, queria tomar de mim meu querido e belo filho. Se tu não ajudares, ele será tirado de teu rei pelos truques e feitiçarias de uma mulher”.

Então, Coran, o Druida, avançou e declamou seus encantamentos em direção ao ponto de onde a voz da donzela foi ouvida. E ninguém mais ouviu sua voz novamente, nem Connla pôde mais vê-la. Logo antes de ser banida pelo poderoso feitiço do Druida, ela jogou uma maçã para Connla.

A partir daquele dia, e por um mês inteiro, Connla não tomou nada para comer ou beber, exceto daquela maçã. Mas, sempre que ele a comia, ela crescia novamente, mantendo-se sempre inteira. E toda vez, crescia nele mais e mais uma saudade da donzela que ele vira.

Mas, quando veio o último dia de um mês de espera, Connla estava ao lado de seu pai, o rei, na planície de Arcomin, e novamente ele viu a donzela vindo até ele, e novamente ela falou com ele.

“Este é um glorioso lugar, certamente, em que Connla permanece entre mortais de curta vida, esperando pelo dia da morte. Porém, agora o povo da vida, os sempre-vivos, pede e convida-te para que venhas a Moy Mell, a Planície do Prazer, pois desejam conhecer-te e ver-te entre teus queridos”.

Quando Conn, o rei, ouviu a voz da donzela, chamou seus homens em voz alta, e disse:

“Chamai rapidamente meu Druida Coran, pois vejo que este dia ela retomou o poder da palavra”.

Então, a donzela disse: “Oh, poderoso Conn, lutador de cem batalhas, o poder do Druida é pouco amado; e pouca honra tem, na terra poderosa, povoada com tanta retidão. Quando a Lei vier, banirá os feitiços mágicos do Druida, quem vêm direto dos lábios do demônio negro da falsidade”.

Então Conn, o rei, notou que, desde que a donzela veio, Connla, seu filho, não respondeu a ninguém que tenha falado com ele. Então Conn, das cem batalhas, disse a ele: “Desejas isto que a mulher diz, meu filho?”

“É difícil para mim”, disse, então, Connla, “Amo meu povo sobre todas as coisas; mas ainda assim, domina-me uma saudade da donzela”.

Quando a donzela ouviu isso, ela respondeu, dizendo: “O oceano não é tão forte quanto as ondas de tua saudade. Vem comigo em meu curragh, minha brilhante e suave canoa de cristal. Logo chegaremos ao reino de Boadag. Vejo o sol descendo, e mesmo que seja longe, podemos alcançá-lo antes da escuridão. Há, também, outra terra que merece tua viagem, uma terra que alegra a todos que a procuram. Apenas esposas e donzelas a habitam. Se tu quiseres, podemos ir até lá e viver a sós e em alegria”.

Quando a donzela parou de falar, Connla, da Cabeleira Ruiva, distanciou-se dos seus correndo, e lançou-se no curragh, a brilhante e suave canoa de cristal. E então todos eles, rei e corte, viram a canoa deslizar pelo mar brilhante, em direção ao sol poente. Longe e mais longe, até onde os olhos não mais podiam ver, e Connla e a Donzela Fada seguiram seu caminho pelo mar, e não foram mais vistos, nem ninguém soube aonde foram.