quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Bem, uma analogia...

A menstruação tem poder! Assim poderiam gritar nossos conterrâneos mais efusivamente fanáticos em sua fé no homem que supostamente morreu para lavar o mundo com seu sangue.

Acontece que tal grandioso e salutar fato ocorre mensalmente nos corpos femininos desde sua menarca até sua menopausa. Visualmente, explico:

Esta é uma imagem bem recorrente pelo mundo, conhecida de todos os brasileiros, considerando a tradição do país regada de história de catequeses religiosas. Tal imagem representa Jesus Cristo, o Messias, o Filho do Homem, como é costume dizer que ele mesmo se auto intitulava. Tal imagem demonstra graficamente o sacrifício cruento deste homem, aquilo que, de acordo com a própria Bíblia Sagrada, seria o sacrifício final, a nossa "lavagem em sangue" definitiva.

Já esta imagem é uma representação do sistema reprodutor feminino, sendo demonstrados aí os ovários, o útero e o canal vaginal. Por estas partes, mensalmente, ocorre o ciclo salvador da não fecundação e consequente excreção do endométrio, juntamente com seus componentes, entre os quais, há sangue também.

Ambas as imagens falam em sangue, e o sangue é tido como o salvador, aquele que tranquiliza e ameniza a consciência dos seres humanos. Assim como os cristãos alegram-se pela morte de Jesus, pois por ela estão salvos de seus pecados e, portanto, não queimarão no fogo do inferno; assim também ocorre com as moças, os namorados das moças e, de forma silente, seus pais e toda a sociedade, que se regozijam em alívio. Menstruou? Aleluia, não foi desta vez, estamos por hora salvos do pecado da concepção e do inferno que vem ao gerar uma nova vida. Pois, se a maternidade e a paternidade são "negação da própria vida em função da vida dos filhos", perde-se a vida para criar a nova criança. Não sem razão chamam-se as crianças pequenas de capetinhas, e não há inocência.

Podemos, é claro, seguir observando os paralelos. A Bíblia relata a agonia do útero, ou melhor, de Jesus no horto das oliveiras. Ora, que será isto senão a tão falada TPM e cólica menstrual? É a agonia de Jesus, digo, do útero antes de sangrar para salvar as mentes aflitas da humanidade.

Jesus, na cruz, em formato de ovários, trompa, útero e vagina, escorreu seu sangue ao chão, e tal dor gerou a paz. As mulheres que não concebem deixam seus fluidos e sangue escorrerem e depois vem a paz. Ao gerar a paz não se geram crianças. Assim, Cristo veio como anúncio da boa nova: NÃO GERAI! NÃO CONCEBEI! Só assim haverá o céu na terra.


Obviamente, assim como todo ano celebra-se a morte de Jesus e a redenção da humanidade, todo mês deve ser celebrada a menstruação. Porém, vigiai, pois fácil é fecundar. Vigiai e cuidai para que o sêmen não encontre o óvulo. Deixai o sangue escorrer, salvai-vos pelo sangue. Cuidai para que seu sexo não gere. Assim, o jardim das delícias será pleno.