Disseram-me uma vez que têm medo de mim. Também disseram que o medo que têm não é exatamente de mim, mas do que eu aparento ser, do que eu transmito, enfim, têm medo do que eu penso, ou do que pensam que eu posso estar pensando.
Não me temem, de fato, mas temem a si mesmos, espelhados em uma imagem mental interna que encarnam em mim. Temem a sujeira e tudo que eles têm em si e colocam o meu rosto ali. "Quem não deve, não teme", certo? Certo?! Quem não tem um lado escuro dentro de si, não pode pôr a minha [ou qualquer outra] cara como máscara. Logo, não personificam o mal, pois esse mal não existe. Logo, não me teme. Pena que tal pessoa não exista.
Eu nunca dei motivo a ninguém para me temer. Mas são burros. Dão uma faca na mão do assassino e gritam a plenos pulmões "corte-me a garganta, antes que alguém chegue!". Eu rio. Eu rio muito, pois a arma que me botam na mão é um poder que eu não teria, se eles não me dessem. O poder do medo, do horror.
Sim, eu poderia ser mau e dominar pelo terror. Silentemente, já acontece assim. Porém eu faço questão de mostrar a eles que eu não sou um ser das trevas, como eles me vestem. Então, com isso, conquisto outra arma. Uma, o terror que eles ainda têm, mas reprimem em função da outra, mais sutil e mais vigorosa: a simpatia.
Eu gostaria de ser um serial killer. Não, não gostaria, mas poderia, se quisesse. Tenho as armas, os motivos, as ocasiões... Sou o suspeito ideal de qualquer aspirante a detetive. Porém, prefiro o assassinato silente da vida social. O "assassinato" que posso fazer sem ter corpos, sangue, sujeira. O assassinato que mantém minhas vítimas vivas e próximas.
E se você acreditou nisso tudo, é uma excelente vítima. Se não acreditou, já está morto ;D
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
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