Certa vez um menino foi atropelado na faixa de pedestres por um cara embriagado, que fugiu. O menino, então, foi socorrido e levado a um hospital, onde a enfermeira esfregava os joelhos dele com pedaços de algodão embebidos em alguma coisa que ardia muito, assim como os cotovelos dele também ardiam.
*O médico e a enfermeira se curvavam pra ele, sobre a cama, e a luz do sol entrava pela janela. Parecia muito agradável. O médico sorriu, e a enfermeira se endireitou e também sorriu. Era legal ali.
*o medico perguntou o nome do menino. "Henry". "Henry do que?" "Chinaski"
*O médico achou que era polonês, mas o menino era alemão. "Porque ninguem quer ser polonês?", pergunta o médico. "Nasci na Alemanha", o menino respondeu. "E onde você mora?", foi a vez da enfermeira. "Com meus pais". "Sério? E onde fica isso?"
*Mas o menino nao responde, mais preocupado com a dor nos joelhos e cotovelos. Contaram pra ele que ele foi atropelado, e que, por sorte, as rodas não pegaram. "O senhor tem uma enfermeira muito bonita", o menino diz, e a enfermeira agradece.
*Depois conseguem o endereço do menino [vou resumir... ta ficando chato], e chamam o pai dele, que era um cara meio malvado. O pai dele chegou lá e, sem uma palavra, o arrastou pra fora da cama. "Seu pequeno desgraçado! Não lhe ensinei a olhar para os dois lados antes de atravessar a rua?". Passaram pela recepção, e a enfermeira deu adeus pro Henry. Entraram em um elevador, com um velho numa cadeira de rodas. Tinha uma enfermeira parada atrás dele. O elevador começou a descer.
*"acho que vou morrer", dizia o velho, "não quero morrer. tenho medo de morrer...". O pai de Henry olhou feio e resmungou: "Você já viveu o bastante, velho cretino!" O velho olhou pro pai do menino espantado. O elevador parou, e a porta continuava fechada. O ascensorista, um anão vestido num resplandescente uniforme vermelho, com um boné da mesma cor, olhava pro pai do menino, e disse "Cavalheiro, o senhor é um sujeito repugnante!".
*"Tampinha", disse o pai,"abra já essa merda ou vou abrir é o seu cu." A porta se abriu.
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Livremente copiado do livro Misto Quente, de Charles Bukowski.
Uma salva de palmas pra ele, pessoal!
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
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