Acho engraçado observar como as pessoas não se cansam de me perguntar usualmente as mesmas coisas. “Você não se cansa de ser assim?” ou “você não se cansa de contar essas histórias?” ou mesmo “você não se cansa de inventar absurdos?”. Ora, eu me pergunto, pensando nestes questionamentos, e há, por acaso, como eu fugir de mim mesmo? Alguém poderia dizer algo como “claro, se fingir que é outra pessoa”. É uma saída, podemos pensar, mas uma daquelas bem cheia de falhas, não é? Primeiro porque eu não deixarei de ser eu, já que estarei fingindo. Segundo porque, se não for fingimento e eu deixar de ser eu mesmo, terei criado um novo eu apenas para mim, e serei tido como um louco, o que é outro absurdo, e isto também está em uma das perguntas. Terceiro, fingir tal coisa (que eu sou outra pessoa) é algo que faço ao contar histórias. Logo, o tal ato que eu “não me canso” referente à segunda pergunta que me fazem incansavelmente é uma boa resposta à primeira questão. Porém, para que eu conte histórias boas, e é este o tipo de história que gosto de contar, gosto que elas sejam originais, pelo menos o tão original quanto elas consegam ser. E, para isso, invento meus “absurdos”. Assim sendo, também a terceira questão freqüentemente perguntada a mim torna-se uma resposta, agora à segunda que citei.
Sendo ligeiramente mais prático, conciso e um pouco menos prolixo e verborrágico, ocorre que, com um meio sorriso dançando em meus lábios, uma confusão teatralmente exposta no rosto, negada totalmente pelos olhos, de onde provém um olhar que já decorou sua fala e agora sobe ao confortável palco que a situação pretensamente ocasional realmente é, aguardo dois cronometrados segundos e solto um rochoso “não” como ponto final.
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